quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Conspirações e manipulação no Futebol

Dirigente da Fifpro desconfia de investimento de magnatas no futebol: ‘Não estou otimista’


Secretário-geral da Federação Internacional de Jogadores de Futebol (Firpro), o holandês Theo van Seggelen viaja o mundo observando — e denunciando — ilegalidades referentes ao futebol e ao cuidado com os jogadores. E, ao rodar o planeta, constata uma realidade digna de filmes de gângster dos anos 40: para além do glamour de Messi, Cristiano Ronaldo e Neymar, há um futebol marcado por violência, lavagem de dinheiro e manipulação de resultados — um universo que chega com perigo ao "primeiro mundo" do esporte com a entrada de magnatas milionários do Leste Europeu e do Oriente Médio em clubes seculares, como o Paris Saint-Germain e o Chelsea.
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— O futebol é um esporte global que precisa de iniciativas globais para resolver seus problemas. E hoje não está bem. Está piorando e piorando, e temos a responsabilidade de mudar isso. Não estou otimista; vejo que o futebol está mudando — afirmou Theo, em entrevista por telefone ao Jogo Extra.
O dirigente sempre procura a Fifa para regulamentar o futebol, o fair play e as condições de vida dos jogadores. Para ele, não é gratuito o interesse de bilionários como Roman Abramovich, dono do Chelsea, e dos investidores chineses que estão levando astros como Didier Drogba para o extremo oriente. Na maior parte dos casos, injetar dinheiro no futebol é uma forma de vender imagem pública positiva e mascarar "interesses secundários".
— Esse (bilionários do futebol) é um grande problema: não acredito em pessoas que compram um clube só por diversão, para manter uma reputação. Soubemos agora que, na Finlândia, um cartel chinês comprou um clube para manipular resultados. Os clubes ficam envolvidos em lavagem de dinheiro, por exemplo. Tráfico de influências.
Theo van Seggelen vê com bons olhos a evolução do futebol brasileiro na última década, mas com ressalvas:
— Estive duas vezes no Brasil, a situação está muito bem organizada. Só senti ainda uma grande distância entre as federações e os jogadores, de forma geral, na América do Sul. E é preciso cuidado, porque os jogadores estão ficando de posse de agentes e de empresas. O jogador não é propriedade de ninguém.


Hulk, o atacante milionário do Zenit, sofre problemas na Rússia
Hulk, o atacante milionário do Zenit, sofre problemas na Rússia Foto: AFP
Rússia: país de fortuna e perigo para os jogadores
A Fifpro publicou em fevereiro de 2012 o "Black Book" (Livro Negro) do Leste Europeu, um extenso documento com depoimentos de atletas que atuam na região e revelam dramas como a violência, a coerção psicológica, a manipulação de resultados e os problemas salariais. Para o presidente da entidade, essa parte da Europa — que entre as décadas de 80 e 90 saiu do comunismo — hoje é o pior lugar do mundo para a prática justa do futebol.
— Tenho 100% de certeza de que é a Europa Oriental, até mesmo pior do que a África, onde os países e os clubes não possuem dinheiro, só que o futebol ainda está em desenvolvimento. No Leste Europeu, há futebol por mais de cinco décadas e países como Sérvia, Montenegro, Rússia, Ucrânia e Bulgária não são bons lugares para se jogar futebol — argumenta Theo van Seggelen, que explica em particular a situação da Rússia, onde o Zenit acabou de pagar R$ 150 milhões pelo brasileiro Hulk.
— A Rússia é um país gigantesco, e é claro que existem clubes muito ricos e em circunstâncias financeiramente muito boas. Mas também, em alguns clubes, se você não jogar bem, não marcar 20 gols, os clubes se livram de você, descumprem os contratos, usam de violência, fazem você treinar sozinho — discute o dirigente, que pondera: — Não posso provar para que os milionários russos usam o futebol, mas a Rússia não é um país democrático, os jogadores são forçados a manipular jogos, ficam a serviço do crime organizado — completa.
Sobre a manipulação de jogos, o secretário-geral lembra ainda que, na China, apesar do crescimento do futebol no país e da paixão dos chineses pelo esporte, os públicos ainda são baixos. E aponta uma justificativa:
— Na China, as pessoas não vão a alguns jogos porque sabem que são comprados. Não adianta contratar jogadores para resolver isso. A China desobedece várias normas internacionais.

FONTE: extra.globo.com (matéria publicada dia 30/09/2012) AQUI

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