sábado, 1 de setembro de 2012

Entrevista com os espíritos: Poderes dos Espíritos


Extraímos a seguinte passagem de uma carta que um dos correspondentes do Departamento do Jura enviou à Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas:
“(...) Como já vos tinha dito, senhor, os Espíritos gostavam da nossa velha habitação. No mês de outubro passado (1858), a senhora condessa de C., amiga íntima de minha filha, veio passar alguns dias em nossa mansão, acompanhada do filhinho de oito anos. O menino dormia no mesmo apartamento que a mãe. A fim de que ele e minha filha pudessem prolongar as horas do dia e da conversa, a porta comum que comunicava seus quartos ficava aberta. O garoto não dormia e dizia à sua mãe: ‘O que a senhora fará com esse homem que está sentado junto à sua cama? Ele fuma um grande cachimbo. Veja como enche o quarto de fumaça; mandai-o embora; ele sacode as cortinas.’ Tal visão durou a noite inteira. A mãe não conseguiu fazer a criança calar e ninguém pôde pregar os olhos. Essa circunstância não surpreendeu a mim nem à
minha filha, pois sabemos que há manifestações espíritas. Quanto à mãe, imaginou que o filho sonhava acordado ou se divertia.

“Eis um outro fato pessoal que comigo aconteceu no mesmo aposento, em maio de 1858. É a aparição do Espírito de uma pessoa viva que ficou muito admirada por ter vindo me visitar. Eis as circunstâncias: Eu estava muito doente e há tempos não dormia, quando vi, às dez horas da noite, um amigo da família sentado perto de meu leito. Manifestei-lhe minha surpresa por sua visita àquela hora. Disse-me ele: ‘Não fale; venho velá-la; não fale; é preciso dormir.’ E estendeu a mão sobre a minha cabeça. Abri os olhos várias vezes para saber se ele ainda estava lá, e de cada vez me fazia sinal para os fechar e calar-me. Ele girava uma caixa de rapé entre os dedos e, de quando em quando, tomava uma pitada, como o fazia costumeiramente. Por fim adormeci e, ao despertar, a visão havia desaparecido. Diferentes circunstâncias me provaram que no momento dessa visita inesperada eu estava perfeitamente acordada, e que aquilo não era um sonho. Quando de fato me visitou pela primeira vez apressei-me em agradecer-lhe. Trazia a mesma caixa de rapé e, ao escutar-me, estampava o mesmo sorriso de bondade que eu notara quando me velava. Como me garantiu não ter vindo, o que aliás não me foi difícil acreditar, porquanto não teria havido nenhum motivo que o impelisse a vir a tal hora passar a noite junto a mim, compreendi que apenas o seu Espírito tinha vindo visitar-me, enquanto seu corpo repousava tranqüilamente em sua casa.”

Eis a conversa que tivemos com o Espírito São Luís, a propósito da tabaqueira, com vistas à solução do problema da produção de certos objetos no mundo invisível. (Sociedade, 24 de junho de 1859):

1. No relato da Sra. R..., trata-se de uma criança que viu, perto do leito de sua mãe, um homem a fumar um grande cachimbo. Compreende-se que esse Espírito possa ter tomado a aparência de um homem que fumava, mas parece que fumava realmente, pois o menino via o quarto repleto de fumaça. O que era essa fumaça?
Resp. – Uma aparência, produzida para o garoto.

2. A Sra. R... cita igualmente um caso de aparição pessoal, do Espírito de uma pessoa viva. Esse Espírito tinha uma caixa de rapé, do qual tomava pitadas. Experimentava ele a sensação que experimenta um indivíduo que faz o mesmo?
Resp. –Não.

3. Aquela caixa de rapé tinha a forma da de que ele se servia habitualmente e que se achava guardada em sua casa. Que era a dita caixa nas mãos da aparição?
Resp. – Sempre aparência. Era para que a circunstância fosse notada, como realmente foi, e não tomassem a aparição por uma alucinação devida ao estado de saúde da vidente. O Espírito queria que a senhora em questão acreditasse na realidade da sua presença e, para isso, tomou todas as aparências da realidade.

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4. Dizes que é uma aparência; mas uma aparência nada tem de real, é como uma ilusão de óptica. Desejaríamos saber se aquela tabaqueira era apenas uma imagem sem realidade, por exemplo, a de um objeto que se reflete num espelho.[O Sr. Sanson, um dos membros da Sociedade, faz observar que na imagem reproduzida no espelho há qualquer coisa de real; se ela não fica nele é que nada a fixa; mas se fosse projetada sobre uma chapa do daguerreótipo deixaria uma impressão, prova evidente de que é produzida por uma substância qualquer e não simplesmente uma ilusão de óptica]. A observação do Sr. Sanson é perfeitamente justa.Teríeis a bondade de dizer-nos se existe alguma analogia com a caixa de rapé, isto é, se nela havia alguma coisa de material?
Resp. – Certamente. É com o auxílio deste princípio material que o perispírito toma a aparência de vestuários semelhantes aos que o Espírito usava quando encarnado.

Observação – É evidente que a palavra aparência deve ser aqui tomada no sentido de aspecto, imitação. A caixa de rapé real não estava lá; a que o Espírito deixava ver era apenas uma reprodução daquela: era, pois, com relação ao original, uma simples aparência, embora formada de um princípio material. Ensina a experiência que nem sempre se deve dar significação literal a certas expressões usadas pelos Espíritos.
Interpretando-as de acordo com as nossas idéias, expomo-nos a grandes equívocos. Daí a necessidade de aprofundar-se o sentido de suas palavras, toda vez que apresentem a menor ambigüidade. É essa uma observação que os Espíritos constantemente nos fazem.Sem a explicação que provocamos, o termo aparência, que de contínuo se reproduz nos casos análogos, poderia prestar-se a uma interpretação falsa.


5. Dar-se-á que a matéria inerte se desdobre? Ou que haja no mundo invisível uma matéria essencial, capaz de tomar a forma dos objetos que vemos? Numa palavra, terão estes o seu duplo etéreo no mundo invisível como os homens são nele representados pelos Espíritos?
Resp. – Não é assim que as coisas se passam. Sobre os elementos materiais disseminados por todos os pontos do espaço, na vossa atmosfera, têm os Espíritos um poder que estais longe de suspeitar. Podem, pois, concentrar à vontade esses elementos e darlhes a forma aparente que corresponda à dos objetos materiais.

6. Formulo novamente a questão, de modo categórico, a fim de evitar todo e qualquer equívoco: São alguma coisa as vestes de que os Espíritos se cobrem?
Resp. – Parece que a minha resposta precedente resolve a questão. Não sabes que o próprio perispírito é alguma coisa?
observação: Perispírito é o nome dado por Allan Kardec ao elo de ligação entre o Espírito e o corpo físico. Quando o Espírito está desencarnado, é o perispírito que lhe serve como meio de manifestação. É o que o Apóstolo Paulo chamava de corpo espiritual (I Coríntios, XV,44).

7. Resulta, desta explicação, que os Espíritos fazem passar a matéria etérea pelas transformações que queiram e que, portanto, em relação à caixa de rapé, o Espírito não a encontrou completamente feita; fê-la ele próprio, no momento em que teve necessidade dela. E, do mesmo modo que a fez, pôde desfazê-la. Outro tanto naturalmente se dá com todos os demais objetos, como vestuários, jóias, etc. Será assim?
Resp. – Mas, evidentemente.

8. A caixa de rapé se tornou tão visível para a senhora de que se trata que lhe produziu a ilusão de uma tabaqueira material. Teria o Espírito podido torná-la tangível para ela?
Resp. – Teria.

9. Aquela senhora poderia tê-la tomado nas mãos,crente de estar segurando uma caixa de rapé verdadeira?
Resp. – Sim.

10. Se a abrisse, teria achado nela rapé? E, se o aspirasse, ele a faria espirrar?
Resp. – Sem dúvida.

11. Pode, então, o Espírito dar a um objeto não só a forma, mas, também propriedades especiais?
Resp. – Se o quiser. Baseado neste princípio foi que respondi afirmativamente às perguntas anteriores. Tereis provas da poderosa ação que os Espíritos exercem sobre a matéria, ação que estais longe de suspeitar, como eu disse há pouco.

12. Suponhamos, então, que quisesse fazer uma substância venenosa. Se uma pessoa a ingerisse, ficaria envenenada?
Resp. – Teria podido, mas não faria, por não lhe ser isso permitido.

13. Poderá fazer uma substância salutar e própria para curar uma enfermidade? E já se terá apresentado algum caso destes?
Resp. – Já, muitas vezes.

14. Então, poderia fazer também uma substância alimentar? Suponhamos que tenha feito uma fruta, uma iguaria qualquer: se alguém pudesse comer a fruta ou a iguaria, ficaria saciado?
Resp. – Ficaria, sim; mas, não procureis tanto para achar o que é tão fácil de compreender. Basta um raio de sol para tornar perceptíveis aos vossos órgãos grosseiros essas partículas materiais que enchem o espaço onde viveis. Não sabeis que o ar contém vapores d'água? Condensai-os e os fareis voltar ao estado normal.
Privai-as de calor e eis que essas moléculas impalpáveis e invisíveis se tornarão um corpo sólido e bem sólido; e, assim, muitas outras substâncias de que os químicos tirarão maravilhas ainda mais espantosas. Simplesmente, o Espírito dispõe de instrumentos mais perfeitos do que os vossos: a vontade e a permissão de Deus.
Observação – A questão da saciedade é aqui muito importante. Como pode produzir a saciedade uma substância cuja existência e propriedades são meramente temporárias e, de certo modo, convencionais? O que se dá é que essa substância, pelo seu contato com o estômago, produz a sensação da saciedade, mas não a saciedade que resulta da plenitude. Desde que uma substância dessa natureza pode atuar sobre a economia e modificar um estado mórbido, também pode, perfeitamente, atuar sobre o estômago e
produzir a impressão da saciedade. Rogamos, todavia, aos senhores farmacêuticos e inventores de reconstituintes que não se encham de zelos, nem creiam que os Espíritos lhes venham fazer concorrência. Esses casos são raros, excepcionais e nunca dependem da vontade. Doutro modo, toda gente se alimentaria e curaria a preço baratíssimo.


15. Da mesma forma poderia o Espírito fabricar moedas?
Resp. – Pela mesma razão.

16. Os objetos que, pela vontade do Espírito, se tornam tangíveis, poderiam permanecer com esse caráter de permanência e de estabilidade?
Resp. – Isso poderia dar-se, mas não acontece. Está fora das leis.

17. Têm todos os Espíritos, no mesmo grau, esse poder?
Resp. – Não, não!

18. Quais são os que têm mais particularmente esse poder?
Resp. – Aqueles a quem Deus concede, quando isso é útil.

19. A elevação do Espírito tem alguma utilidade?
Resp. – Por certo; quanto mais elevado o Espírito, mais facilmente obtém esse poder; mas isso ainda depende das circunstâncias: Espíritos inferiores também podem ter esse poder.

FONTE: Livro dos Mediuns Cap VII item 116 e Revista Espírita ANO 1859 "Mobiliario dos Espiritos"

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